Nolan assusta e surpreende em seu novo filme
Não é de hoje que Christopher Nolan vem chamando atenção, primeiro com o sucesso estrondoso de Batman Begins (2005)
e em seguida com um filme que acabou explodindo a cabeça de muita gente em A
Origem (2010), agora o diretor resolveu explorar a fronteira final em sua
homenagem a clássicos como Solaris (1972 e 2002) e 2001- Uma Odisseia no Espaço
(1968) em seu projeto mais ambicioso até o momento.
O longa mostra uma terra devastada por uma praga que destruiu quase toda forma de alimento no mundo e agora como ultima esperança para a raça humana o piloto/ engenheiro Cooper (Matthew McConaughey) e os cientistas Brand (Anne Hathaway), Jenkis (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley ) partem em uma missão através de um misterioso buraco de minhoca que leva a uma outra galáxia aonde pode está o novo lar de nossa espécie.
O interessante é como a historia
é contada, mostrando em seu primeiro ato a relação entre Cooper e sua filha
Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) que formará o peso dramático e a
ligação com a terra nas quase 3 horas de filme, e devo dizer, funciona ainda
mais com a adição das excelentes atuações de Matthew McConaughey e Mackenzie
Foy que dão um show e com certeza serão indicados para algum Oscar.
Já os outros atos o espectador é
apresentado a mais pura ficção cientifica e seus questionamentos de quem nós
somos e o que nós motiva a continuar seguindo em frente, tudo marcado por cenas
belíssimas e muitas vezes assustadoras junto com excelentes atuações e
interação entre os personagens, fazendo até mesmo os robôs (que tem em seu
designer uma clara inspiração no monólito no filme de Kubrick) serem carismáticos.
Outro ponto que deve ser
destacado é o silêncio que predomina nas cenas de espaço fazendo aumentar em
muito a angustia que interestelar tenta passar ainda mais combinadas com cenas
de tirar o fôlego (em particular uma no clímax do filme), porém toda essa ausência
de som faz a trilha sonora de Hans Zimmer ser bem mais discretas que nos
trabalhos anteriores de Nolan, o que pode decepcionar fãs de Inception, porém
acaba dando certo em Interstellar.
Quanto ao enquadramento de câmera,
devo dizer que me incomodou o enquadramento fechado, podendo dar um tom mais
épico caso fosse mais aberto, mas nada que estrague a experiência e outra coisa
que eu percebi que muitos reclamaram foi o didatismo exagerado do filme,
discordo um pouco disso, já que muitos conceitos são desconhecidos para boa
parte do publico, porém algumas coisas iam ser bem mais interessantes se ele
deixasse mais interpretativo.
No fim Interestelar mostra uma
ficção cientifica que a muito não se via, com excelentes atuações, visuais e um
enredo altamente envolvente, e que merece ser visto como Interestelar e não
como um novo 2001, pois mesmo com suas homenagens e semelhanças ele
(interestelar) se sustenta por conta própria e que provavelmente entrará no
seleto grupo das lendas da ficção, mas isso é algo que somente o tempo dirá.