sexta-feira, 16 de maio de 2014

Christopher Nolan

Dando continuidade a séria sobre diretores e suas filmografias, o diretor dessa semana é o britânico Christopher Nolan.
Christopher Nolan nasceu em 1970, em Londres. Começou a fazer filmes caseiros ao sete anos de idade, usando uma câmera Super-8 de seu pai. Mais tarde, se formou em Literatura Britânica na University College London.
Começou sua carreira com o curta Doodlebug, depois dando continuidade a sua filmografia com longa-mentragens:




1.     Following (1998)


O primeiro filme de Christopher Nolan foi esta produção independente. O filme conta a estória de um “escritor” (o próprio personagem afirma que ele quer ser escritor, interpretado por Jeremy Theobald) que está passando por uma crise criativa e decide começar a seguir pessoas aleatórias que encontra pelas ruas de Londres pra buscar inspiração. Nisso acaba conhecendo um ladrão chamado Cobb (Alex Hall), com o qual passa a invadir casas. É visível no filme o baixíssimo orçamento, beirando o amadorismo. Contudo, o maior mérito do filme é o seu elaborado roteiro, apresentando uma característica que seria mais bem abordada no filme seguinte de Nolan, que é a presença de cenas fora da ordem cronológica, cujo sentido na trama só seria compreendido mais tarde. O fato de o filme ser preto e branco transmite um ar de Film Noir, dando um clima misterioso à película. Por mais que o aspecto amador (está entre os filmes menos caros já feitos) crie certa estranheza, mas certamente o roteiro é bom o bastante para prender a atenção do espectador ao longo de seus curtos 70 minutos de duração. Um verdadeiro exemplo de filme que é bem mais do que aparenta.

2.     Amnésia (Memento, 2000)


Com um orçamento consideravelmente maior, o segundo filme de Nolan é uma obra espetacular e atípica. Baseado num texto escrito pelo irmão de Nolan, Jonathan Nolan (que também participou dos outros filmes dele como roteirista) o filme narra a estória de Leonard (Guy Pearce), um homem que sofre amnésia anterógrada, uma condição que o impede de guardar memórias recentes, que está a procura do homem que estuprou e matou a sua esposa. Para não esquecer sua missão, Leonard anda com uma câmera polaróide e tatua seus “memorandos” (daí o nome do filme em inglês, memento) mais importantes em seu corpo. Além do roteiro excelente, o principal destaque do filme é a edição. O filme é feito com uma cronologia não-linear, de modo que cada cena pareça isolada inicialmente, mas com o passar do filme se perceba o sentido da mesma. Possui duas fotografias diferentes: uma em preto e branco e outra colorida, cada uma com a cronologia diferente. Essa troca entre colorido e preto e branco, e até mesmo a composição das cenas e a já citada excelente edição do filme, transmitem muito bem o clima de paranoia e desconfiança do protagonista. A uma constante dúvida sobre em quem Leonard deve confiar, fazendo com que o expectador se sinta como ele. Este filme entra naquela categoria de “filmes que nos deixam com vontade de revê-los imediatamente após terminarem”, o que torna o filme ainda mais rico e interessante.

3.     Insônia (Insomnia, 2002)


Depois de Amnésia, Nolan dirigiu este suspense de investigação, sendo até hoje o único filme que Nolan não participou (ao menos não foi creditado) da construção do roteiro. No filme, um detetive de Los Angeles, Will Dormer (Al Pacino) e seu parceiro são enviados ao uma pequena cidade do Alaska para auxiliar a polícia local na investigação de um assassinato. Porém, algo acaba dando errado. O filme é um remake de um filme sueco de mesmo nome, lançado em 1997. O filme é bem trabalhado, tem uma direção competente e uma fotografia que consegue transmitir bem a tensão do roteiro, tensão essa ampliada pela insônia que o protagonista desenvolve no filme, em parte pelo fato da cidade estar num período do ano no qual ocorre o “Sol da meia-noite”, um fenômeno natural que ocorre próximo ao Círculo Polar Ártico, onde o Sol fica visível 24 horas por dia. Não chega ser um filme espetacular como outros do diretor (aliás, este é o filme que menos gosto dele), mas ele conseguiu fazer um trabalho competente e proporcionar um bom filme.

4.     Batman Begins (2005)


Já em seu quarto filme, Nolan recebeu a missão de fazer um novo filme do Batman, personagem que já estava com o currículo manchado no cinema pelos filmes Batman Eternamente (1995) e Batman e Robin (1997). Como o título afirma o filme nos mostra o início da carreira de Bruce Wayne (Christian Bale) como Batman, mostrando sua infância e a morte dos pais, o treinamento pela Liga das Sombras, até a sua estreia como Batman. O filme surpreendeu ao se afastar do clima fantasioso dos filmes do Tim Burton (1989 e 1992) e do clima espalhafatoso dos filmes já citados (e odiados) de Joel Schumacher, apresentando um clima sombrio, denso e realista, uma abordagem nunca antes vista em filmes baseados em quadrinhos. Além do mais é claro no filme que o objetivo é familiarizar o expectador ao Batman, mostrando a sua origem, para que se possa dar sequencia a estória, pois muito ainda estava por vir. Para o roteiro do filme, a minissérie “Batman: Ano Um” foi a principal inspiração.

5.     O Grande Truque (The Prestige, 2006)


Após o sucesso de Batman, Nolan fez esse excelente suspense sobre rivalidade. O filme conta a estória de dois mágicos rivais do final do século XIX, Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale). A rivalidade entre os dois é movida pelo desejo de ter o melhor truque, ser o melhor mágico, criando uma obsessão, principalmente de Angier, que toma rumos cada vez mais perigosos. Por causa do pano de fundo do filme, além de retratar muito bem a rivalidade entre os protagonistas, mostra com maestria os truques, desde a preparação até a execução. Isso é um reflexo de outro aspecto muito bem trabalhado no filme, que é a arte de enganar o público, que se mostra presente tanto para com a plateia dos shows quanto para o próprio expectador, pois em muitos momentos o filme nos mostra detalhes que não percebemos. É como se quem assiste ao filme estivesse assistindo a um truque. A fotografia do filme é de principal importância nesse aspecto, se posicionando em diferentes ângulos, ora revelando os segredos dos truques, ora mantendo-os imperceptíveis. “Vocês estão olhando atentamente?”.

6.     Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)


Após o sucesso de Batman Begins, era esperada de Nolan uma boa continuação ao bom trabalho feito. O resultado entregue foi um filme espetacular, considerado por muitos (inclusive eu) como o melhor filme de super-herói já feito e um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Passados dois anos do primeiro filme, Batman está decidido em acabar com a criminalidade de Gothan. Para isso, ele e o Tenente Gordon (Gary Oldman) decidem se aliar ao jovem e dedicado promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart). Porém, um criminoso louco e anárquico, conhecido apenas como Coringa (Heath Leadger) está decidido a implantar o caos em Gothan. Superior em todos os aspectos ao primeiro filme, O Cavaleiro das Trevas é tenso, possui um fotografia impecável, que garante excelentes cenas de ação, com longas sequências de tirar o fôlego. O roteiro é desenvolvido de forma primorosa, fazendo com que nenhuma cena no filme pareça gratuita ou desnecessária, e assim como no primeiro filme, algumas HQ’s serviram de base para o roteiro, nesse caso “O Longo Dia das Bruxas” e “A Piada Mortal”. E o que falar do Coringa? Sem dúvida o destaque do filme, com Heath Leadger numa atuação brilhante, mostrando com perfeição toda a loucura e imprevisibilidade do personagem, em minha opinião, o melhor Coringa já representado no cinema. Sem dúvida, merecidíssimo o Oscar póstumo concedido ao ator, que infelizmente faleceu antes da estreia do filme. A trilha-sonora de Hans Zimmer é excelente, refletindo com exatidão o clima do filme, com destaque para o tema do Coringa, que consegue ser tão tensa e insana quanto o personagem. O Cavaleiro das Trevas é, pra mim, a obra-prima de Christopher Nolan. Um obra excepcional e muito recomendada por mim.

7.     A Origem (Inception, 2010)


Em seu sétimo filme, Nolan fez uma Ficção Científica sobre sonhos e camadas de inconsciente. Um grupo de “ladrões de sonhos”, liderados por Cobb, interpretado por Leonardo DiCaprio (O nome do personagem é uma referência a um personagem de Following), são contratados por um poderoso empresário (Ken Watanabe) para fazerem uma inserção (colocar uma ideia no subconsciente de alguém) no filho e herdeiro (Cillian Murphy) de um rival, algo considerado impossível. O filme trabalha com vários conceitos complexos, tais quais a exploração do subconsciente e realidade x fantasia, porém, o estilo narrativo didático, que explica tudo, não deixa a trama confusa. Particularmente, não gosto muito desse estilo de narrativa, mas neste filme não chega a incomodar. Além disso, apesar do aspecto de ficção científica, o filme funciona mais como um Heist Movie (Filmes de Assalto), mostrando toda a base já estabelecida nesse subgênero, como o recrutamento de uma equipe, cada qual com sua função, além da apresentação de um novato nesse mundo, no caso Ariadne (Ellen Page), a arquiteta da equipe (responsável por construir os cenários para o sonho), que serve de representação do expectador no filme, para qual possa ser explicada as normas e regras desse mundo. Um ponto a se destacar é a excelente trilha-sonora de Hans Zimmer. Este é um exemplo claro daqueles filmes “ame ou odeie”, o que ficou evidente nas críticas do filme. Quanto a mim, faço parte do filme que gosta do filme, pois apesar de possuir suas falhas como ficção científica, continua sendo uma excelente obra de entretenimento, com boas atuações, boas ideias e toda a ação e dificuldades típicas de um Heist movie.

8.     Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)


No aguardado fechamento da trilogia do Batman, Nolan não se preocupou em fazê-lo melhor que o segundo filme, e sim em dar uma conclusão à estória, que como é dito por muitos, pode ser facilmente vista como um longo filme de mais de 6 horas. No filme, após os acontecimentos de O Cavaleiro das Trevas, o Batman desaparece por 10 anos, quando um grupo terrorista remanescente da Liga das Sombras, liderados por Bane (Tom Hardy), obrigam Bruce a sair da aposentadoria, retorno esse também auxiliado por uma ladra chamada Selina Kyle (Anne Hathaway). Como o título do filme afirma, o foco do mesmo é a queda e ascensão do Homem-Morcego, que são bem trabalhados por Nolan. Acompanhamos ao longo do filme a queda de tudo relacionado a Bruce até o fundo do poço só para que depois possamos acompanhar o gradual ressurgimento de Batman, pois como é bem dito no filme: “Por que caímos? Para que possamos nos reerguer”. Além disso, o filme tem outros destaques, como o policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt), servindo quase que como um sidekick ao Batman, e Bane, o vilão do filme, com o seu porte imponente e autoritário e sua voz estranhamente ameaçadora. Uma épica conclusão para uma trilogia espetacular. Assim como em Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, uma minissérie de HQ’s serviu de inspiração para o roteiro do filme, neste caso, A Queda do Morcego.

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