sexta-feira, 9 de maio de 2014

Darren Aronofsky

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   Darren Aronofsky é um diretor bastante aclamado pela crítica e é conhecido por seus filmes "cabeça", densos e impactantes. Nascido em 1969, cursou Cinema e Antropologia Social na Universidade de Havard. Resolvi escrever sobre ele, dando continuidade a postagem do Mateus sobre Carlos Saldanha, por ele ser um diretor cujo o trabalho aprecio bastante. Também por ser um dos poucos diretores dos quais já vi todos os filmes. Enfim, vamos aos filmes:

1.     Pi (1998)



Aronofsky já começa em grande estilo com um longa independente. O filme conta a estória de Max Cohen, interpretado muito bem por Sean Gullette, um matemático brilhante obcecado em achar uma sequência numérica capaz de identificar padrões em todas as coisas, visando encontrar um padrão nas ações da Bolsa de Valores. Premiado no Festival de Sundance, o filme já apresenta vários pontos que se tornariam marcas registradas do diretor, como o Hip-hop montage (Vários cortes seguidos de efeitos sonoros), aqui utilizados todas as vezes que Max toma um remédio para amenizar suas constantes dores de cabeça. A trilha sonora frenética de Clint Mansell dita o ritmo paranoico e um tanto quanto perturbador do filme. O filme também conta com uma excelente fotografia, caracterizada pelo alto contraste entre preto e branco. De fato, um filme preto e branco, ao invés do cinza tradicional. Não é o meu favorito, mas mesmo assim é um excelente filme com um roteiro simples e muito bem executado, boas atuações e um clima desconfortável (no bom sentido).

2.     Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000)



O segundo filme de Darren Aronofsky, e o meu favorito, é uma obra intensa, chocante e triste sobre decadência e autodestruição, tema recorrente em seus filmes. O filme narra a estória de quarto personagens: Harry (Jared Leto), sua namorada Marion (Jennifer Connoly), seu amigo Tyrone (Marlon Wayans) e sua mãe Sara (Ellen Busrtyn). O filme nos mostra como todos os personagens falharam na busca do Sonho Americano e a suas jornadas rumo à autodestruição através do uso de drogas e outros vícios, como o vício em televisão e no uso de remédios para emagrecer, de Sara Goldfarb, personagem de Ellen Burstyn, o destaque do filme em minha opinião. É nesse filme que Aronofsky usa com mais frequência o Hip-hop montage, aqui utilizada para representar os vícios dos personagens. O clima do filme é perturbador, nos forçando a ver o quão baixo os personagens podem chegar. Clint Mansell faz um excelente trabalho nesse filme, com uma trilha sonora melancólica que vai se tornando cada vez mais intensa a medida que o filme avança. Considero este um dos melhores filmes sobre uso de drogas, ao lado de Trainspotting (1996), de Danny Boyle (é possível ver que muito do visual do filme foi inspirado em Trainspotting). Devastador é a palavra que define o filme.

3.     Fonte da Vida (The Fountain, 2006)



Depois de seis anos sem lançar nenhum filme, Aronofsky voltou com esse espetáculo visual. O filme acompanha 3 estórias em tempos diferentes, mas com os “mesmos” personagens: Na primeira, que se passa no século XVI, um conquistador espanhol (Hugh Jackman) vai a América, por ordem de sua rainha (Rachel Weisz), em busca da Árvore da Vida. Na segunda, já em tempos atuais, um neurocirurgião (Hugh Jackman) procura desesperadamente uma cura para o câncer, doença que a sua mulher (Rachel Weisz) já se encontra num estágio avançado. Na terceira, acompanho um “astronauta” (Hugh Jackman) num futuro distante em busca de respostas para questões existenciais. Como já falei, é em minha opinião o filme mais bonito de Aronofsky, com uma fotografia e direção de arte espetacular. Clint Mansell faz um excelente trabalho com a trilha sonora. Outro ponto que vale ressaltar é edição do filme, que entrelaça muito bem as três estórias e as ligações que essas estórias têm entre si. Apesar de ser o filme que menos gosto, recomendo bastante por seu belíssimo visual e roteiro bem conduzido, além das performances emocionantes de Hugh Jackman.

4.     O Lutador (The Wrestler, 2008)



Dois anos após o fracasso comercial de seu filme anterior, Aronofsky voltou com este filme independente, que assim como Réquiem para um Sonho, é filme sobre decadência. Acompanhamos a estória de Randy “The Ram” Robinson (Mickey Rourke, destruindo), um lutador de wrestling, que foi famoso nos anos 80, mas que agora sobrevive de poucas lutas, amargurando o esquecimento. Quando, após uma luta, os médicos falam que se lutar novamente corre o risco de morrer, Randy se aposenta e tenta levar uma vida “saudável”, tentando encontrar um lugar numa sociedade da qual ele sente que não faz parte. Junto com Randy conhecemos uma stripper, Cassidy (Marisa Tomei), que também está passando pela mesma decadência de Randy. Randy também tenta se reaproximar de sua filha (Evan Rachel Wood), que ele abandonou anos antes para dedicar-se a carreira. O filme explora muito bem a tristeza de Randy, interpretado por Mickey Rourke no que talvez seja o papel de sua vida. É possível perceber toda a saudade de Randy de seu tempo de glória, os anos 80, mesmo que nenhuma cena nessa época seja mostrada. Percebe-se em referências como videogames e a própria Trilha-Sonora, com clássicos de Hard Rock e Heavy Metal do movimento Glam Rock, um dos símbolos dos anos 80, com bandas como Ratt, Accept e Guns N’ Roses. A direção é uma das melhores do Aronofsky. É impressionante como toda essa decadência consegue ser tanto ou mais brutal do que as violentas lutas. Como já disse o grande Stallone, “ninguém soca mais forte que a vida”.

5.     Cisne Negro (Black Swan, 2010)



Depois de um filme sobre um lutador em fim de carreira, o filme seguinte de Arronofsky foi quase o contrário: um filme sobre uma bailarina que irá fazer o papel de sua carreira. Claro que se tratando do diretor, já é de se esperar a decadência em algum ponto, nesse caso, no psicológico da protagonista. O filme fala sobre Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina que tem a sua chance de ouro ao ser escalada como protagonista de uma versão alternativa de O Lago dos Cisnes, famoso ballet de Piotr Tchaikovsky. Porém, é dito por seu instrutor que ela tem toda a técnica e fragilidade do Cisne Branco, mas lhe faltava a sensualidade e malícia do Cisne Negro. O filme possui uma excelente fotografia e direção, que fica mais evidente nas impecáveis cenas de dança. Natalie Portman está espetacular nesse filme, conseguindo nos passar toda a pureza da personagem com a sua voz quase angelical e seu porte extremamente delicado, como uma pluma, o que torna ainda mais chocante acompanhar a jornada de Nina rumo à insanidade na busca pela perfeição. Nina é a representação do Cisne Branco, assim como a nova bailarina (Mila Kunis) é a representação do Cisne Negro. Outro ponto que vale ressaltar é a excelente trilha de Clint Mansell, cujo tema principal do filme é uma versão distorcida e tocada ao contrário do tema original de Lago dos Cisnes.

6.     Noé (Noah, 2014)



O filme mais recente de Aronofsky é também o seu primeiro Blockbuster, e seu filme mais polêmico até o momento. O filme conta a estória de Noé (Russell Crowe), um homem que depois de ter visões, acredita ser escolhido por Deus para construir uma arca para salvar os animais do mundo, pois Deus se decepcionou com a humanidade e causará um grande dilúvio. O filme foi duramente criticado, justo por seu tema religioso. Em minha opinião, nunca foi intenção do Aronofsky fazer um filme religioso. Trata-se de um épico de fantasia, na qual a estória da Arca de Nóe serviu de inspiração para o filme. No filme inclusive, talvez para parecer menos religioso e mais mitológico possível, os personagens se referem à entidade como Criador. Quanto aos aspectos técnicos, tem uma boa fotografia e trilha sonora, como de costume nos filmes de Aronofsky. A edição do filme é muito boa, com excelentes sequências de Hip hop montage. Um ponto que vale ressaltar é a união entre Criacionismo e Evolução que o filme propõe, além de todo o aspecto ecológico do filme, que eu, como estudante de Biologia, posso dizer que erra em alguns pontos, mas deve-se assistir com suspensão de descrença para melhor apreciar o filme. Assistindo o filme dessa maneira, que alias, deveria ser a maneira correta pra ver muitos filmes, Noé mostra que Aronofsky consegue fazer um bom Blockbuster.


2 comentários:

  1. Dos filmes listados, apenas "Pi" e "Fonte da Vida" não assisti. Darren é um diretor incrível e "Cisne Negro", na minha opinião, é a magnus opus dele. Confesso que quando li que ele iria produzir um filme de cunho religioso como "Noé" fiquei com o pé atrás, mas depois de assistir ao filme fiquei impressionado. Parabéns pelo texto!

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    1. Muito obrigado. Pretendo postar mais textos parecidos de outros diretores.

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